6. Biforco - La Verna Km 9 - Chiusi de La Verna



6. Biforco - La Verna Km 9  Chiusi de La Verna
Essa é considera a etapa mais importante do caminho, pois se chega ao Monte La Verna, onde São Francisco, recebeu os estigmas de Cristo em 1224.
http://www.aascj.org.br/home/2012/11/09/como-sao-francisco-de-assis-recebeu-os-estigmas-da-paixao-de-cristo/
 Sabíamos que não seria uma etapa muito fácil, saímos juntos com as duas romanas, mais o pianista, como sempre os jovens milaneses mantêm a rotina de acordar às 5h17min.  O ar da manhã era perfeito para caminhar, passamos por uma bela casa e vimos o padre que tinha rezado a missa no dia anterior, que fez apenas um aceno da janela e fomos descendo em direção a uma estrada principal.
Demoramos em encontrar o sendero que nos levaria a trilha do dia, não faríamos os 23 km da etapa clássica, pois é muito importante o peregrino conhecer , rezar e meditar se possível em La Verna. A sensação que faríamos somente 9 km tornou o caminho mais ameno, apesar da subida que nos deixava sem fôlego e das pedras do caminho, o bosque de faias, dava um ar místico antecipando o dia que teríamos em La Verna. Era como se víssemos um filme da vida de São Francisco e sua presença espiritual foi ficando muito próxima dos nossos passos. Estávamos ainda no Parco Nacionale delle Foreste Cansentinese,

Apesar de ser uma distância relativamente pequena pelo que estávamos acostumados, as subidas pareciam não ter fim.  Essa não é uma etapa deserta, passamos por várias pessoas que faziam aquele trecho para chegar ao Eremo a pé. Grandes árvores foram surgindo, e suas raízes se sobressaiam nas grandes rochas...sabíamos que estávamos nos aproximando do Monastério.



             Floresta Sacra
Depois de 4 horas de caminhada avistamos a grande rocha com o mosteiro pendurado lá em cima, uma visão espetacular, as fotos que tinha visto me  impressionaram muito, imaginei  várias vezes de como seria olhar e percorrer aquele caminho e agora estávamos frente a frente...sentido o quanto somos insignificantes diante da força daquelas rochas, e como a fé de um homem pode transformar a vida de tantos outros. 
A primeira visão do monastério


Contornando a grande rocha












 Contornamos a grande rocha e encontramos um portão fechado com cadeado, mas vimos  pessoas pulando por um murinho ao lado, foi o que fizemos, esse caminho leva direto a  "Capela dos Pássaros” lugar onde Francisco e seus três companheiros foram recebidos por uma grande revoada de pássaros que cantavam alegremente, esse foi o sinal que ele esperava, confirmando que tinha vindo para o lugar certo. Francisco fora ao monte para jejuar por quarenta dias, pois sentia que logo chegaria o dia da sua morte. 

Com Antonella na Capela dos Passarinhos
Chegando ao monastério






O despenhadeiro

 
A gruta onde Francisco dormia

A cama do santo
O hábito de São Francisco



O Monastério de La Verna é formado por um grande complexo de Igrejas, capelas, refúgio, museus, restaurantes e lojas de souvenir. Em português La Verna é traduzido para Monte Alverne
 La Verna, é daqueles lugares que não se explica...se experimenta, podemos sentir a forte espiritualidade daquela montanha, quando entramos no grande portão. O sino tocava e fomos logo até a cruz, onde se estende uma paisagem magnífica.
No dia anterior, Paola e Stefano tinham conseguido lugar na casa de acolhida dos franciscanos, nós agendamos no refúgio de Albertina que tinha sido uma indicação de Antonio, aquele peregrino que encontramos na estação de Forli. Deixamos nossas mochilas com as dos milaneses no quarto do refúgio e fomos conhecer o Monastério.... em cada canto uma história e a presença de Francisco emociona os peregrinos. Havia muita gente, várias excursões, pessoas do mundo inteiro. Visitamos o museu, o lugar onde ele dormia, a capela dos estigmas ( o lugar mais místico em minha opinião), a Igreja principal (onde esta seu habito de monge franciscano) e todo o complexo. Almoçamos em um ótimo restaurante, mas quem ficar hospedado pode comer em um refeitório do monastério. Depois do almoço fomos à missa e no final foi realizada uma procissão até a capela dos estigmas, foi um privilégio participarmos desse ato de fé, um momento especial do nosso caminho.
No final da tarde, seguimos até Chiusi de La Verna...ao refúgio de Albertina, que eu imaginava como uma  “mama” italiana, nos acompanhavam as duas romanas, saímos de La Verna ao final da tarde com o coração tranquilo e o espírito abastecido, por aquele lugar emblemático.O caminho foi tranquilo e belíssimo, e logo chegamos na cidadezinha onde viveu o gênio  renascentista MichelangeloBuonarroti.  http://www.suapesquisa.com/michelangelo2/
Chegamos à rua do refúgio e para nossa surpresa Albertina era uma freira... uma “suora”. Ela nos recebeu no portão e foi muito simpática, ao entrarmos a surpresa foi maior ainda um grupo de umas 10 noviças asiáticas estavam perfiladas nos dando as boas vindas, uma cena hilária e inesperada. As acomodações do refúgio são excelentes, quarto privativo, com banheiro e vista para o jardim. A suora Albertina nos avisou do horário do jantar... Tomamos banho e descemos, as noviças faziam a maior balburdia, uma coisa meio estranha, nem na minha escola os alunos faziam tanta bagunça. Vimos a mesa do jantar sendo servida, com frutas, vinho e nosso apetite foi aumentando. Para nossa surpresa o nosso jantar foi servido separado em uma salinha, estávamos os quatro, nós e as duas romanas. A própria Albertina servia o jantar, uma entrada com quatro fatias de queijo e quatro de presunto, água, uma sopa de massinha ( minestra) e uma salada verde. Para nós estava ótimo, mas as romanas se indignaram, e nada de vinho ou frutas na nossa mesa. Ao final da janta eu já não sentia muita simpatia pela freira, pois ela nos disse que em La Verna cobravam 40 euros o refúgio e não tinha lençóis, e a gente sabia que o refúgio franciscano era gratuito , ela pediu um extra de 4 euros por pessoa para mandar lavar as roupas de cama, tudo isso acabou virando uma piada entre nós.
Depois do jantar fomos visitar a casa onde nasceu Michelangelo, Caprese é uma das belas cidadezinhas do caminho, seguimos a estrada asfaltada até a casa onde nasceu o gênio do Renascimento. O pai de Michelangelo era um agente postal, em frente à casa está a rocha que o artista reproduziu na obra “ A Criação de Adão” nos afrescos do teto da Capela Sistina em que retrata o exato momento em que Deus estabeleceu a criação do homem.



                                       Pátio do Refúgio

                               Casa do pai de Michelangelo 





 
Michelangelo Caprese





































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